1.2.3 Repercussão da Igreja Invisível na Mídia
No ano de dois mil e nove foi marcado pelos vinte anos da
morte de Raul Seixas, na data específica preparamos um ritual em sua homenagem
e para nossa surpresa a revista Época se interessou em cobrir o evento,
publicando posteriormente uma matéria que segue abaixo em forma de citação:
“Conheça a Igreja Invisível, inspirada em Raul Seixas
Busca por estados alterados de consciência é feita com chá
de gengibre. Organização está envolvida na luta antimanicomial
A casa de número 854 da rua Tonelero virou um intrigante
mistério para a tradicional vizinhança da Vila Ipojuca, na Lapa. Com todas as
janelas da extensa fachada vedadas, as únicas pistas do que acontece ali estão
sobre a porta principal: um enigmático endereço do site Igreja Invisível.com,
ao lado de uma estrela de oito pontas e a chave que Raul Seixas imortalizou
como o símbolo da Sociedade Alternativa. No poste de luz em frente, desenhos do
músico deixam a coisa ainda mais sinistra para quem já ouviu falar de sua a
ligação com rituais de magia negra.
Com nome inspirado na música “Pastor João e a Igreja Invisível”, a ii, como
seus membros a chamam, também pode ser considerada um caminho alternativo. “As
religiões tradicionais tentam sempre nos transformar no que a gente não é”, dá
uma pista a atriz e publicitária Valéria Calado, que pertenceu ao Santo Daime
antes de fundar a Igreja Invisível, em dezembro de 2007. A idéia de
"terceira via" também é sugerida nos versos do hino inspirador: “Eu
não sei se é o céu ou o inferno/ Qual dos dois você vai ter que encarar/ E foi
para não lhe deixar no horror/ Que eu vim para lhe acalmar”, escreveu Raul
Seixas.
No último sábado (22), dia seguinte ao aniversário de 20 anos da morte do
cantor, o grupo se reuniu para o que chamam de "experiência
invisível", principal cerimônia da entidade. “É uma busca de estados
alterados de consciência, cada pessoa experimenta o seu”, tenta explicar
Valéria. É bom deixar claro que eles não usam nenhuma droga. “O único chá que
vamos servir é de gengibre”, brinca a presidente da i:i.
Apesar de não se ater muito a rituais religiosos, a i:i tem as portas abertas
como às de qualquer igreja. E quem superar a desconfiança e tocar a campainha
vai ver que não há nada de macabro ali dentro. Mas, desta vez, o mistério se
fez mais claro para a vizinhança, que conseguia espiar parte da cerimônia na
garagem da casa: “Por causa da gripe suína, vamos fazer a experiência invisível
aqui fora", explica Dennis
Brandão , marido de Valéria.
Instalada quase em frente a tradicional igreja de Santo Antonio do bairro desde
o início do ano, a Igreja Invisível não segue nenhum preceito religioso –
apesar de seus membros se definirem como cristãos e negarem ser agnósticos.
Mistura de centro cultural e espaço terapêutico, a entidade está envolvida na
luta antimanicomial e comanda ações sociais para portadores de doenças mentais.
“Ninguém melhor que o Maluco Beleza para ser o mentor do nosso projeto",
resume Dennis.
Uma das iniciativas sociais da ii, que tem uma mini
produtora de audiovisual no espaço, é o Projeto Carrano, em homenagem ao
escritor Austregésilo Carrano, autor do livro Cantos dos Malditos, adaptado
para o cinema no filme Bicho de Sete Cabeças,
de Laís Bodanzky. “ Ele foi uma vítima do sistema manicomial e da indústria
farmacêutica", protesta Dennis, que era amigo do escritor, e usou seu nome
para batizar o projeto de produzir dez curtas metragens protagonizados por
pessoas com algum transtorno mental.
Travestido de Raul, era ele quem comandava a experiência invisível aquele dia –
na ausência de João, o encarregado de fazer as honras de pastor, tal como na
música. “Ao final de quatro encontros teremos o personagem invisível, vamos
conhecer o seu semblante. Tirem suas máscaras”, orientava Dennis, mesclando as
técnicas de suas aulas de teatro com cromoterapia e música, enquanto alguns
membros cuidavam dos preparativos, cortando os papéis do santinho invisível e
incensando o ambiente.
Encerrada a experiência, era a hora de fechar o encontro
com o pocket show do grupo Exu do Raul. “Acredito que ele baixa em mim de
verdade”, diz Dennis, justificando o nome da banda. Os versos da inédita música
Gostei (“Por que que cristo não desceu lá do céu?/E o veneno só tem gosto de
mel?”), parceria de Raul de Paulo Coelho e regravada na versão original na
última semana, caíram muito bem no repertório. “É uma clara demonstração de
Raul com sua religiosidade invisível, retratando perguntas que fazemos todos os
dias”, filosofa . Como dizem os integrantes da ii, “Acredite vindo”.”[1]
Um de nossos convidados que participou de todas as etapas deste
mesmo ritual é também uma figura ilustre e colunista cultural da emissora de
televisão chamada de Rede TV. Diante do sucesso que foi o ritual em homenagem ao Raul Seixas ,
Diego Max reservou um espaço especial em sua coluna de arte e cultura para
comentar o que significou a experiência obtida através do culto da Igreja
Invisível:
“Vivam as Sociedades Alternativas! O legado nos vinte anos
sem o Maluco Beleza
Neste último dia 21 de agosto se lembrou o falecimento do
ícone musico-cultural brasileiro, Raúl Seixas.
Como não poderia deixar de ser em eventos, encontros e até
cultos por todo país, se reverenciou a figura e legado do grande artista de
toques revolucionários.
Muitos, ou até mesmo a maioria de seus saudosistas
seguidores, e dentre estes aqueles que nem são contemporâneos de Raulzito em
vida afirmam que hoje faz toda a falta dentro do cenário da música nacional, e
com certeza assim faria muita diferença se presente estivesse com suas composições,
criticas e questionamentos.
Sósias por todos os Estados do país, estes de rosto e
semelhança de alma, ainda buscam nas inspirações do artista o reforço e reflexo
para as suas próprias inspirações além de musicais também na vida, isso é
transcender a existência, o que de fato é dádiva de poucos.
Homenageado por músicos, poetas, escritores, atores,
trabalhadores e desempregados também, ainda é retrato fiel de uma força de
enfrentamento não só de conceitos e paradigmas sociais e politicamente
estabelecidos, mas da própria alma e conflito individual o que nos dias
ambiciosos e competitivos de hoje, se nota mais intensamente no reflexo das
relações da própria sociedade e mesmo amorosas.
Sem ter o objetivo de retratar a historia cronológica de
Raulzito, quero apenas somar uma idéia de carência também do que este
representa até hoje e, mesmo que sob alguns aspectos questionável em sua vida
pessoal, como os problemas com álcool e drogas que debilitaram sua saúde e que
acabaram por provocar a sua morte, é de se refletir sobre o aporte reflexivo de
seu trabalho e como nós repercute até hoje diante de tamanha desfacelamento de
conteúdo de muitas produções intelectuais e artísticas, por ai expostas hoje em
dia.
Eu como artista, sinto a falta de Raúl e da necessidade de
qualidade e criatividade também!
Sociedade alternativa:
Sabedor que sou de inúmeras comunidades culturais
existentes ativas e espalhadas por todo o Brasil com conceito de Sociedade
Alternativa que merecem minha consideração, o respeito e carinho do meu
comentário, tomo a liberdade de citar nesta ocasião em especial uma das quais
pude estar presente no seu encontro de celebração.
No sábado passado tive a satisfação de ser convidado para
um evento, no qual convivi dignamente com este conceito, pró-eficiente-ativa e
positiva de celebração de uma instituição alternativa, e cujo nome é Igreja
Invisível.
Um retrato interessante de comunidade artística, cultural
e espiritual até, que se espelha em muito nos moldes de uma filosofia do Maluco
Beleza, neste caso observando-se num conceito saudável e poético.
Foi recebido com conversas e discussões sobre diversas
questões, principalmente sobre a discussão da saúde mental, preconceitos,
conceitos, necessidades e potencialidades, pois fazem parte do belo Projeto
Carrano, nome do seu inspirador e autor do Longa-metragem “Bicho de Sete
Cabeças”.
Toda esta situação de encontro foi regada (acreditem) a
ausência de drogas ou álcool, e sim com muitos chás de gengibre, água,
salgadinhos e...Músicas autorais e de Raul Seixas!
Acredito e muito neste tipo de Sociedade Alternativa, como
disse diversas vezes, os artistas tem esta função e comprometimento de saber
harmonizar intelecto e alma fundidos na arte com responsabilidade, e criar
situações ricas e positivas nos seus encontros de bairros, espaços culturais e
na alma que reflete a quem admira o artista, estes desbravadores e
empreendedores que são os cineastas, músicos, atores, poetas, escritores,
comunicadores e alquimistas!”[2]
Obtivemos através destas matérias um grande retorno de
comentários e contatos a nossa organização religiosa. Sem dúvida, caso não
tivéssemos seriedade em nosso trabalho espiritual, não teríamos também a mesma
repercussão positiva na mídia e para o publico em geral. Após estas publicações
ganhamos mais discípulos e fiéis a nossa inovadora religião chamada
Invisibilidade.
PIRES. D.B.M. - (Nome sannyas: Deva Rafik)
[1] LAVIGNE, Nathalia. Conheça
a Igreja Invisível, inspirada em Raul Seixas. São Paulo ,
2009. Disponível
em <http://revistaepocasp.globo.com/Revista/Epoca/SP/0,,EMI89662-17276,00-CONHECA+A+IGREJA+INVISIVEL+INSPIRADA+EM+RAUL+SEIXAS.html> Acesso em 26 dez 2009.
[2] MAX, Diego. Vivam as Sociedades Alternativas! O
legado nos vinte anos sem o Maluco Beleza. São Paulo, 2009. Disponível em <http://www.redetv.com/portal/Colunista.aspx?34%2cDiego-Max> Acesso em 28 dez 2009.
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